Diário de Bordo

Ruinas Jesuítas

Internacional

De Miguel Pereira - RJ ao Pacífico


01/05/2012 13h36

A história que vou relatar aqui, já vem sendo planejada por mim e minha esposa á algum tempo, com uma imensa expectativa e também um certo receio do que iriamos encontrar pela frente, pois ouvimos e lemos muitos relatos pessoais sobre viajar para o Mercosul.

Estabelecemos nossos critérios de viajem, quantos dias de duração de acordo com o tempo disponível, preparamos a documentação necessária exigida pelos países onde iriamos visitar. Carta verde, vacinação (Anvisa), permissão internacional para dirigir, passaportes e documentação da moto em dia.

Vale ressaltar que a documentação listada é para se resguardar de uma possível exigência, pois muitos motociclistas que já realizaram esta aventura não lhes exigiram as tais documentação, inclusive eu. Mas posso dizer que o mais importante é o passaporte, pois de posse do mesmo você adianta a autorização de entrada no país a ser visitado, pois quem vai somente com sua identidade tem que preencher formulários e com isso atrasa seu visto, já que de posse de seu passaporte é muito mais rápido a autorização de entrada nas aduanas.

Quanto a motocicleta o único país que me pediu para preencher um formulário para autorizar a transitar foi o Chile. Nada de mais, tudo muito fácil e muito bem atendido pelos funcionários da aduana. Não tive nenhum problema em relação aos atendimentos aduaneiros em nenhum pais que entrei .

Mas tem um outro item importante a ser lembrado o custo, como você vai pagar, fazer câmbios de moedas tudo isso tem que ser pensado, pois cada país tem sua moeda, e o importante é fazer as trocas de moedas nas casas de câmbios oficiais por segurança, no meu caso levei uma certa quantia em Dólar, Real e também dois cartões de crédito internacional, Mastercard e Visa, isso tudo para facilitar os pagamentos. Fica aqui um alerta não faça câmbios com cambistas, pois você corre o risco de pegar notas falsas.

Então depois de tudo arrumado, decidimos que o dia da partida seria dia 29 de março 2012. E é chegado o grande dia, para nossa surpresa ao acordamos as 05:00 horas da manhã sem ter dormido direito a noite anterior pela ansiedade, tivemos uma surpresa pois estava chovendo, decidimos aguardar para sair mais tarde, porem continuava a chover, resolvemos ir assim mesmo, tocamos até a cidade de Queluz-SP, até onde a chuva nos acompanhou, paramos para tomar um café quente pois estava frio. Continuamos nosso caminho, seguimos pela via Dutra até Taubaté, entramos na Carvalho Pinto depois D.Pedro até Itatiba, seguimos para Itu, e entramos para rodovia Castelo Branco, fizemos esse caminho para não passar dentro de São Paulo. Nesse primeiro dia rodamos 900km até a cidade de Andirá no Paraná, onde pernoitamos.

No outro dia seguimos rumo a Foz do Iguaçu-PR, onde ao chegar fomos a concessionária Yamaha, fazer uma revisão e troca de óleo, pernoitamos em Foz do Iguaçu com o objetivo de atravessar a fronteira pela manhã, para poder aproveitar a viagem já no Pais Hermano. Nossa primeira visita em solo Argentino foi as Missiones Jesuítas em Posadas, um local onde está as ruinas da época dos Jesuítas, onde se conhece um pouco da histórias daquele povo. Nosso pernoite neste dia foi em Posadas-AR. Neste primeiro dia podemos observar que os Argentinos têm costumes alimentar pouco diferente do nosso, preferem como prato principal a carne, não costuma comer o tradicional feijão com arroz.

Mas no dia seguinte, tivemos uma surpresa ao entra na ponte que liga a cidade de Corrientes a Resistência, um guarda nos mandou parar e disse que tinha cometido uma infração de trânsito, nem pediu documentos, foi logo dizendo que a multa era de 938,00 pesos, ai lhes perguntei qual seria a infração ele me disse que moto não pode transitar pela pista central da principal avenida, antes de chegar na ponte. E ai eu fui conversar com ele, que no final deixou a multa por 450,00 pesos, pedi para ele me dar o boleto e que assinasse e colocasse o numero de sua identidade assim ele fez, e ai segui viagem, mas sei que isso foi nada menos que uma invenção da parte dele, pois todos os Brasileiros que passaram lá naquele dia tiveram a mesma desculpa, ou seja fomos extorquidos. Sei que não é nenhuma novidade. Seguimos rumo ao chaco Argentino, onde existe muita dificuldade em conseguir combustível, pois além de poucos postos a Argentina esta tendo falta de combustível, quando tomei conhecimento tratei de levar um galão de 5 litros extras, mas como minha moto tem uma boa autonomia não tive problemas.

Nossa viajem seguiu sem nenhum problema por todo restante, as únicas vezes que tivemos que apresentar documentos foram nas aduanas. E até mesmo na aduana do Chile onde muito se falou que teríamos nossas bagagens reviradas, nada disso aconteceu, fomos muito bem recebidos. Mas no Chile vale ressaltar que o cardápio chileno todo ele vem acompanhado de abacate, em todos os pratos e sanduíches. Ao chegarmos em San Pedro do Atacama depois de devidamente acomodados, procuramos uma operadora de turismo para ver os passeios que íamos realizar, um deles foi o gêisers del tátio para o qual se deve acordar as 04:00 horas da manhã, pois de acordo com as informações, as atividades dos gêisers se iniciam por volta das 06:00 horas da manhã, realizamos outros passeios pela região pois nem todos você necessita de uma operadora.

Depois de conhecer San Pedro do Atacama, seguimos rumo ao Pacífico, onde passamos por Antofogasta, aonde 70 km depois se chega ao monumento La Mano Del Desierto, a qual todos os motociclistas que passam por lá registram sua passagem com muitas fotos. O deserto tem uma imensa mudança de cores no terreno, o que chama muita atenção.

Continuamos descendo pela margem doz Pacifico, passamos por Santiago e fomos direto para a pacata cidade de Los Andes, cidade de interior e que vive do cultivo de uvas e vinícolas, passamos um dia por lá para conhecer. No outro dia subimos os caracoles, e chegamos a Mendoza onde ficamos por dois dias, visitamos vinícolas com degustação de vinhos e também azeiteiras, onde tivemos demonstração de fabricação e degustação de azeite.

Fomos para Buenos Aires, depois atravessamos para o Uruguai a Colônia Del sacramento via buque bus, uma cidade histórica e muito bonita, ficamos por um dia, e continuamos nossa viajem a Montevideo depois Punta Del Leste, onde tem o monumento dedos da praia. E no mesmo dia seguimos para Chuí. Entramos no Brasil e na cidade de Rio Grande conhecemos João Serra e sua esposa, o que nos acolheu com muito carinho em sua casa. Quero aqui agradecer o apoio e ajuda de alguns amigos nessa viajem o qual foi de suma importância.

Ao Sabadini que mora em Rezende RJ, todos os dias fazia contato via Email, informando-me sobre hotéis e melhores rotas, Gilmar Calais (Clube XT600) com mais informações, João Serra o qual tornou mais um amigo, Guga Diário de motocicletas e ainda aos amigos que fizemos Argentinos, Chilenos e Uruguaios, que nos acolheram com muita simpatia, muito obrigado a todos.

E acima de tudo e todos, agradecemos a Deus, por nos dar a vida e as condições de poder realizar essa aventura, e com essa proteção divina realizamos nossa viajem e chegamos em casa com vontade de fazer outra. Essa viagem teve a duração de 26 dias e 10.010 km percorridos, a moto utilizada foi a Yamaha XT660Z Teneré.

Um abraço a todos.

Alfredo Baumgardt e Sylvia Baumgardt

alfredobaumgardt@hotmail.com

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