Diário de Bordo

Internacional

De Minas Gerais ao Peru em uma Fazer 250


03/02/2012 22h07

Vinte e cinco de setembro de dois mil e oito, pode parecer estranho este relato de viagem na data de hoje, é que se tudo ocorrer dentro do previsto, a viagem só se iniciará em setembro de 2009, mas há todo um planejamento a ser feito, como por exemplo: quantos dias a serem gastos durante a viagem, quantos dias de estada em Machu Picchu - Peru, quem vai comigo nesta empreitada, digo empreitada, porque não conheço nada sobre Machu-Picchu, e nem da viagem em si, além do mais, ver o que levar de documentação, peças de reposição para a moto, vestuário, dinheiro, bagagem no geral, mapas, condições de estradas entre vários outros itens, que ainda há de se verificar, mas tenho certeza será uma viagem inesquecível.

Estou calculando gastar quinze dias nesta viagem, doze dias na estrada e três dias em Machu-Picchu e Cuzco.

A viagem de ida será a princípio dividida em três etapas, sendo a primeira dentro do território brasileiro, ou seja, Bom Despacho – MG a Corumbá - MS 1.899 KM de viagem que será dividida em dois trechos, sendo o primeiro de Bom Despacho - MG a Paranaíba MS e o segundo trecho de Paranaíba até Corumbá, ambas no Mato Grosso do Sul, e isto com todas as paradas possíveis para que se faça registro da viagem.

A segunda etapa dentro do território boliviano, de Corumbá - MS a La Paz - BO aproximadamente 2.000 km, divididos também em dois trechos, sendo o primeiro de Corumbá - MS até Epizana próximo a Cocha Bamba PE ou Santa Cruz de La Sierra - BO e o segundo trecho de Epizana - BO até Lá Paz ou a Pezzita no Peru.

A terceira etapa será de Lá Paz - BO até Machu-Picchu PE dividido também em duas partes, sendo a primeira de La Paz até Ayaviri no PE, e a segunda parte de Ayaviri até Machu-Picchu no PE.

De Zepita a Machu Picchu-Peru são 523 Km. Não tenho distancias precisas, apenas aproximadas, pois não encontrei mapas.

A data prevista de saída será no dia 02 de setembro de 2009, este roteiro poderá sofrer alterações, é claro que no decorrer da viagem muita coisa muda.

30 de agosto de 2009, estou saindo de uma gripe violenta ai caramba, acho até que é a gripe bovina, rsrsrsrsrsrsrsr, de tão forte, brincadeira à parte, voltemos ao assunto em questão, alterada a data de saída, devo sair no dia 05 de setembro sábado, quero ver se dá pra participar do encontro de motociclistas em Cassilândia - MS.

Saída novamente alterada, atrasos para entrega da Permissão Internacional para Dirigir (carteira internacional de habilitação).

A “PID” chegou hoje dia 10 de setembro de 2009, saída amanhã dia 11 de setembro a data do terror em Nova Iorque (EUA), saída do Posto Piraquara, pra variar todas as saídas de viagem já ficou marcada o posto.

Saída às sete horas com destino a Paranaíba-MS, primeiro dia de viagem.

Chegada em Paranaíba-MS por volta das dezessete horas, detalhe, a moto dormiu junto comigo, digo dentro do meu quarto no hotel.

Segundo dia, destino a Corumbá-MS, saímos eu, DEUS E A “Magrela” por volta das sete horas da manhã, temperatura confortável, agradável até. Um estradão sem fim, até Corumbá um retão só, poucas subidas e poucas descidas, trecho muito cansativo. Mais em compensação muitos jacarés, tuiuiús e outros bichos do Pantanal Mato-grossense.

Chegada em Corumbá por volta das vinte horas, muito cansado tive que parar por causa das reformas que estavam sendo realizadas no asfalto, fazendo com que atrasássemos a chegada. Ficamos o dia de domingo em Corumbá, o Posto da ANVISA não tem expediente neste dia, era preciso o Cartão Internacional de Vacinação, o qual sua expedição é feita pela ANVISA, ficamos ali de bobeira, curtindo um calor de quarenta graus centígrados e muito pernilongo. Segunda-feira pela manhã partimos em direção à Bolívia, documentação necessária em mãos, e lá vamos nós com destino a San José de Chiquitos - BO.

Só estrada boa, está parte da Bolívia é quase desabitada você viaja horas sem passar por ninguém, gasolina barata e boa, o motor da moto ficou envenenado com a gasolina boliviana, andava pra “caramba”, coisa de louco, em Roboré quase vendo a moto, um militar do Exército boliviano ficou louco pra comprar minha “Magrela”, em San José de Chiquitos, quando parei em um posto de “servicio” para abastecer, juntou em volta de mim uns dez bolivianos cheios de perguntas, “quanto vale, quanto custa, quer vender, pra onde você vai”, fiquei desesperado, com medo de quererem roubar a minha moto, e com isso, sendo que meus planos era dormir em San José, mal esperei abastecer a moto e saír o mais rápido possível em direção a Santa Cruz de La Sierra.

Andei até escurecer e mato adentro fui até encontrar um lugar para acampar.

No outro dia à noite, já em Santa Cruz de La Sierra, conversando com meu amigo Marcão, pela Internet, ele havia me dito que os bolivianos são assim mesmo, mostram interesse por tudo, e tudo querem comprar, más até então o mal já havia passado, que era ter dormido no meio do nada, no meio do mato. A estrada até Santa Cruz não era a das melhores não, duzentos kilômetros de estrada de chão, dois tombinhos, um na poeira de quase trinta centímetros de altura e outro na lama, é que passaram com o caminhão pipa para molhar o desvio, e nele foi inevitável o escorregão, pneu inadequado para o tipo de terreno, é que estão preparando a estrada para ser asfaltada... Enquanto isto tem que penar.

Saindo de Santa Cruz de La Sierra de um calor de quarenta graus centígrados pra chegar a Cocha bamba a quatro graus centígrados, frio de congelar, são 120 KM subindo a Cordilheira dos Andes, é muito bonita a Cordilheira.

De Cocha bamba até La Paz, achei que estava sonhando, paisagens de tirar o fôlego, de tirar mesmo, porque o ar era rarefeito, a ausência de oxigênio deixa a gente meio tonto, sei lá e pra resolver isso era só à base de chá de coca ou mascar a folha de coca, só que quando descobri isto, eu já havia passado mal uns bocado.

Fiquei louco com a confusão do trânsito em La Paz, mal fiquei lá, segui direto para Desaguadero, divisa com o Peru, e em Desaguadero a mesma rotina, dar saída no Passaport na imigração boliviana, dar entrada na imigração do Peru, tudo resolvido, procurar um hotel para dormir, que lugar, neste dia não tomei banho, a água tinha uma cor cinzenta, escovei os dentes com água mineral, o meu jantar, que até então não almoçava só jantava, pra não pesar o estômago para viajar, foi barras de cereais, um frio, deitei e me cobri com cinco cobertores.

Ao amanhecer o dia em Desaguadeiro, segui com destino a Cusco - PE, não conheço a Europa, más a visão que eu tinha parecia estar em um daqueles países gelados da Europa, daqueles dos filmes...

Chegamos em Cusco por volta das dezenove horas, e o curioso ainda estava bem claro, são duas horas de fuso horário em relação ao Brasil, viagem tranqüila sem nenhum contratempo exceto é claro na Bolívia na estrada de terra.

Esta é a Praça de São Francisco, o hotel onde fiquei fica localizado nesta praça. Cusco é uma cidade muito bonita e grande vale a pena ir só para conhecê-la.

Na manhã do dia seguinte fui a procura de minha amiga Judith que lá reside, nos encontramos. Conversamos muito, lanchamos juntos e na parte da tarde segui para Machu Picchu.

De Van fui até Urubamba, de lá segui de taxi até a cidade de Ollantaytambo e Ollantaytambo fui de trem até Águas Calientes, que por sinal achei muito caro a passagem de trem. Dormi em Águas Calientes e no dia seguinte às cinco horas da manhã peguei o ônibus e segui para Machu Picchu.

O chamado Vale Sagrado é muito bonito acho que DEUS fez aquele lugar pra ele morar.

E finalmente a tão esperada Machu Picchu, ali estava com toda sua simplicidade e magnitude, é imensurável tamanha grandeza e beleza, valeu a pena cada kilômetro viajado foi um sonho realizado de trinta e seis anos atrás, quando vi a foto em um livro de geografia da quinta série, a cidade é tal como era mostrada no livro, ali fiquei horas, contemplando todo aquele esplendor.

E na tarde daquele dia segui de volta para Cusco, onde eu dormiria e seguiria na manhã seguinte de volta para Bom Despacho. O plano era passar pelo norte do Chile ir até a Argentina, atravessar o Paraguai e chegar ao Brasil, más era preciso passar em La Paz para sacar dinheiro no Banco do Brasil, pois tive problemas com o meu cartão de crédito e então acabei ficando sem dinheiro.

Em La Paz errei o caminho que deveria ter seguido para sair no norte do Chile e por fim saí em Cocha bamba, poderia ter ido de Cocha bamba para o Chile, só que eu decidi ir até Santa Cruz, e de lá ir para o norte da Argentina para sair dos 200 KM de estrada de terra, e assim o fiz.

Yacuiba fica na fronteira com a Argentina, lá cheguei por volta das quinze horas, atravessei a fronteira. Uma greve de colonos, um piquete obrigou-me a dormir em Aguaray AR, na manhã seguinte peguei a estrada, depois de alcançar a Ruta 86, nesta viajei 930 KM até Clorinda na Argentina, lá participei de um encontro de motociclistas, quase que por acidente, digo, é que não estava nos planos, o planejado era atravessar a fronteira do Paraguai e lá dormir.

No sábado de manhã deixei a cidade de Clorinda e fui para o Paraguai. Fui até a cidade de Luque central-Paraguai pra encontrar uma pessoa, viagem perdida, pensamento de volta na estrada, sentido a Foz do Iguaçu na tão sonhada Pátria amada, cheguei cedo, mais ou menos duas horas da tarde, poderia viajar mais uns trezentos kilômetros, como era sábado, resolvi ficar por lá e sair no domingo pela manhã e chegar em Bom Despacho na segunda à tarde.

Amanheceu o domingo, ajeitei a bagagem na “Magrela” e a estrada pegamos rumo a Ribeirão Preto-SP, onde tinha planos de dormir e seguir viagem no outro dia.

Um contra tempo mudou os planos. Em uma rotatória na cidade de Cascavel-PR, o pneu dianteiro esvaziou de uma vez, me parece que ao fazer a curva, como estava lento, ao virar o guidon e o peso um pouco além, bagagem, ferramentas mais o meu peso, forçou o pneu contra a roda afastando-o do aro, provocando o seu esvaziamento rápido, no que provocou a queda da moto, resolvi o problema do pneu colocando uma câmara de ar e dei prosseguimento a viagem, parando pra dormir em Assis-SP. De Assis até Bom Despacho, tudo tranqüilo. Cheguei por volta das vinte horas.

Assim chego ao fim desta maravilhosa viagem... Já ansiando a chegada da próxima oportunidade...

Autor: Elizeu

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