Diário de Bordo

Nacional

De Santa Maria/RS a Fortaleza/CE


03/02/2012 20h41

Meu nome é Lisiane Pletiskaitz, tenho 27 anos e uma Yamaha Fazer LE 250cc. Morava em Santa Maria/RS. Eu e meu amigo decidimos nos mudar para Fortaleza/CE. E então, nos veio a dúvida: “Qual é a graça de enviar a moto por transportadora e perder um passeio desses?”. Resultado: 5700 km por lugares lindíssimos que nunca esquecerei.

Saí de Santa Maria/RS dia 01/08/2008. Passei na Azzurra Motos que é a concessionária Yamaha em que é onde eu trabalhava para pegar umas ultimas dicas e pedir uma ajudinha com os alforjes. Saí da loja às 9:16h da manhã em direção a Balneário Camboriú/SC. Temperatura de 6°C, tempo úmido, mas nada de chuva.

Como nunca havia viajado sozinha, prestava muita atenção em placas e elas me ajudaram muito, pois eu não estava equipada com nenhum tipo de GPS, somente meu guia com vários mapas. Peguei a BR-287 passando por Santa Cruz/RS onde parei a primeira vez. Depois segui pela Tabaí-Canoas, onde passei por Porto Alegre/RS. Ao passar por Osório, começou a BR-101 (Maquiné/RS, Sombrio/SC, Araranguá/SC, Imbituba/SC, Palhoça/SC, Florianópolis/SC, Tijucas/SC). Nunca vi tanto desvio por causa das obras da duplicação da pista. Então juntamos esses desvios com trânsito lento, chuva, caminhões e noite, como resultado, temos uma chegada em Balneário Camboriú às 22:40h.

Fiquei em Balneário Camboriú/SC na casa de meus pais até dia 07/08. Lá tirei muitas fotos, fiz a revisão dos 5000 km da moto. Também aproveitei para descansar, já que havia ainda muito chão para eu pilotar até Fortaleza.

No dia 07, após o almoço, me equipei, carreguei a moto e segui para Curitiba/PR pela BR-101. Viagem tranqüila de 224 km. Chegando lá, passei a noite na casa dos sobrinhos.

No dia 08 de manhã cedo fui até o aeroporto me encontrar com meu amigo, pois ele estava vindo de Fortaleza/CE de avião (já morava lá há quase três meses).

Dia 09 de manhã partimos para Campinas/SP pela BR 476. Pegamos cerca de 300 km de chuva. Passamos por cidades como Jacopiranga/SP e Registro/SP. Em Juquiá/SP, pegamos a estrada em direção a Sorocaba/SP. Paramos numa lancheria há uns 45 km chamada Cabeça da Anta. Lá sim choveu muito, por isso tivemos que esperar e depois seguir pela SP-079. Passamos por Pariraí/SP e Piedade/SP (onde começou a parar de chover). Contornamos a cidade de Sorocaba, pegamos a saída 91 e seguimos para Campinas/SP. Chegando ao hotel, com toda a roupa molhada, foi ótimo tomar um banho quente e sair para tomar um chopp.

Dia 10, passamos o dia todo em Campinas, levamos as roupas para a lavanderia, passeamos pela cidade, visitamos o Shopping Dom Pedro (maior shopping da América Latina), lavamos a moto no Shopping Galeria e fomos ao cinema do Dom Pedro.

No dia seguinte, após café da manhã, pegamos a estrada para Juiz de Fora/MG. Em Atibaia/SP, pegamos a BR-381 e seguimos até Careaçu/MG, onde fomos pela rodovia estadual para cortar caminho por Lambari/MG. Em seguida seguimos por Caxambu/MG e depois pela BR-267 até Juiz de Fora. Chegando a Juiz de Fora, como já havia anoitecido, passamos pela primeira entrada da cidade, pois a rodovia estava em construção e sem nenhum tipo de sinalização, e acabamos entrando do outro lado da cidade. Com isso pegamos muito trânsito, o que foi deveras cansativo.

Continuando o trajeto no dia 12, saímos cedinho de Juiz de Fora. Abastecemos num posto no caminho e seguimos pela BR-267 em direção a Leopoldina e Muriaé/MG. Diferentemente de como o mapa mostrava, a estrada estava em boas condições. Após Muriaé, pegamos a BR-35 até Itaperuna/RJ, onde almoçamos. Lá o calor começou a ficar muito forte. Logo adiante seguimos pela RJ-186 em direção a Bom Jesus do Itabapoana/RJ onde abastecemos, cruzamos o Rio Itabapoana, divisa com o Espírito Santo e Pegamos a ES-297 em direção a BR-101 para Vitória/ES. No final da tarde, nos acomodamos no hotel e depois saímos para jantar com Ciro Lima, um amigo.

No outro dia, saímos cedo para não pegar muito trânsito e tirar fotos da orla. Após parar para tomar café e abastecer, nossa próxima parada foi em São Mateus ainda no Espírito Santo. Prosseguimos para Porto Seguro, pois o trecho seria um dos mais longos que iríamos percorrer. Ao entrar na Bahia, a estrada não estava em condições precárias como o mapa indicava, porém, paramos diversas vezes devido a obras na pista. Chegamos a Eunápolis/BA somente ao entardecer, pois antes haviam muitos caminhões longos transportando madeira nas curvas da serra e com pouca possibilidade de ultrapassagem. Em Eunápolis pegamos a BR-367 a qual seguimos até Porto Seguro, chegando lá, por volta das 19h.

Dia 16, partimos bem cedo, pois iríamos até Feira de Santana/BA. Não abastecemos em Porto Seguro porque a gasolina era absurdamente cara em relação aos outros postos que paramos. Abastecemos em Eunápolis onde ainda era cara, mas não tínhamos outra opção, também tomamos café e calibramos os pneus. Rodamos até Aurelino Leal/BA, onde paramos para comer e, após algum tempo parados, o meu amigo foi abastecer e notou que o pneu estava murcho. Como estávamos rodando bem, o pneu só poderia ter furado na entrada do posto. Conseguimos colocar uma câmara no pneu para podermos pelos menos retornar para Itabuna e ir até a concessionária que já estava fechada, mas que ficaram esperando gentilmente. Como o pneu que queríamos não havia no local, resolvemos passar o restante do sábado e o domingo em Ilhéus, que fica a 30km dali e descansar mais um pouco. Chegamos ao hotel que havíamos reservado anteriormente. O local ao redor do hotel não era nada amigável, mas mesmo assim passamos a noite lá.

Na manhã do dia seguinte, fomos passear. Observamos que daquele lado a cidade estava um pouco abandonada, com construções antigas sem manutenção, e descobrimos que no lado norte da praia haviam muitas pousadas com valores mais acessíveis e o local era muito mais bonito.

No dia 18 acordamos cedo, voltamos pela BR-415 até Itabuna. Lá fomos até a concessionária para resolver o problema do pneu. Após ter sido comprado e colocado o pneu original que eu queria, foi possível seguir adiante com o roteiro. Voltando para a BR-101, passamos por Itajuipe/BA, Ubaitaba/BA e fomos parar para um lanche um pouco mais adiante num posto de combustível por volta das 14h. Após, passamos por Santo Antônio de Jesus/BA, Conceição do Almeida/BA, Sapeaçu/BA, Cruz das Almas/BA, Muritiba/BA e pela Usina Hidrelétrica Pedra do Cavalo localizada entre os municípios de Governador Mangabeira/BA e Cachoeira/BA. Antes de chegar a Conceição do Jacuípe/BA, entramos na BR-324. Um pouco antes das 17h, fomos surpreendidos com um lindo arco-íris chegando a Feira de Santana, onde andamos pela Avenida do Contorno para chegar até o outro lado da cidade e assim prosseguir pela BR-324. Depois disso foi só seguir pela BR-116 até Serrinha, onde chegamos à noite e com uma fraca garoa.

Dia 19, às 5:30h da manhã já estávamos nos organizando para sair. Continuando pela BR-116, passamos por Teofilândia/BA, Araci/BA, Tucano/BA, Euclides da Cunha/BA, Canudos/BA. A estrada era formada por retas de vários quilômetros e com pouco movimento, até por causa do horário que saímos. Apressamos para fazer o trajeto entre Cabrobó/PE e Salgueiro/PE o mais cedo possível, pois segundo o guia que seguíamos, é uma área de muitos assaltos. Chegando à polícia rodoviária de Cabrobó um pouco antes do meio-dia para pedir informações das condições da estrada, nos foi informado que a área mais perigosa era a que a gente recém havia atravessado que começa a uns 5km antes dali. Então vimos que temos mais sorte do que juízo, pois paramos por lá para tirar fotos e nada aconteceu. Acabamos chegando cedo em Icó/CE, apesar de a Rodovia Santos Dumont estar muito ruim em longos trechos.

No dia 20, como o nosso último trajeto era de apenas 379km, não nos preocupamos em sair muito cedo de Icó. Por volta das 8h seguimos pela BR-116. Passamos por Jaguaribe e fomos abastecer a moto e calibrar os pneus. As únicas coisas que eram importantes terem cuidado era com as cabras e os jegues. Depois de Chorozinho que aparecem mais buracos. Importante salientar que neste trajeto, era difícil encontrar postos com gasolina aditivada. Chegamos por volta das 14h em Fortaleza sob forte calor e abastecemos na entrada da cidade, pois a moto já estava na reserva. Fomos, após uma volta na cidade, na Crasa Motos onde, após alguns dias, comecei a trabalhar. E, em seguida, home, sweet home.

Para concluir, gostaria de dizer que recomendo viajar, principalmente de moto, já que é uma das minhas grandes paixões. O prazer de rodar, conhecer sotaques e pessoas diferentes, ver e registrar belas paisagens não tem preço. Não tenha receio. Contratempos fazem parte, mas a emoção do roteiro cumprido com o melhor aproveitamento possível é indescritível. Por isso, se tiver oportunidade, viaje, não importa e distância ou a cilindrada.

Lisiane Pletiskaitz

lisiane@pletis.com

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