Mototour Fest 2009 e Sul da Bahia

Somos componentes do MC EU,GATA E CÃO FIEL e recebemos mais uma vez o convite para participar do Encontro realizado pelo Mototour em Prado, localizado na região sul da Bahia.

No ano anterior, o evento já tinha sido maravilhoso e nos mobilizamos para participar novamente. Aproveitamos e incluímos no roteiro ir subir mais ao norte para aproveitar mais os ares baianos.

Partimos no sábado(07/03), Eu(Gomide),Lena(Gata), Viceumar (Todos do MC EU, GATA E CAO FIEL), Joe e Lu (MC MACAE), Claudio(Presidente da AMOTO MACAE) e Motomura (amigo de longa data) e subimos até Teixeira de Freitas, onde pernoitamos, com previsão de seguir até Itacaré no dia seguinte. Durante a viagem, intenso calor. As estradas encontravam-se em muito bom estado (com exceção de pequenos trechos perto de Vitória(ES) e Teixeira de Freitas(BA).

Em Teixeira, hospedamo-nos no Caraípe Plaza Hotel e fizemos pequeno tour a noite, onde rangamos e ouvimos musica no Shopping da cidade, local indicado pelo pessoal do Hotel. Ao retornar, quando fui pegar o capacete no suporte da moto, este, lá não mais se encontrava , somente um pedaço cortado da correia da jugular (sorte que este era o capacete reserva). De madrugada, chegavam ao nosso encontro João (Irmão de Cláudio) e Valéria (sua esposa), que seguiriam viagem conosco.

Partimos cedo(7 horas), com previsão de almoçar em Ilhéus e seguir até nosso primeiro destino(Itacaré). Ao chegar próximo de Eunápolis, um carro da Polícia Rodoviária Federal, fez uma manobra de retorno em frente a nós. Achei estranho, porém ele seguiu ultrapassando o grupo. Quando nos aproximávamos de Camacã, numa descida eu estava atrás de um caminhão que reduzira a marcha e notei que existia algum problema à frente. Observei que a marcação da pista era em linha tracejada e ao abrir para cortar o caminhão, um policial atravessou a pista, autorizou o caminhão a seguir seu caminho e fez sinal para eu encostar e fez o mesmo procedimento com todas as motos de nosso comboio.Pegamos os documentos e o policial passou a fazer rigoros a verificação destes, das motos e dos capacetes. Primeiramente, como meus documentos estavam OK, encostou em minha moto e olhou o capacete de minha mulher e o meu para verificar se estavam adesivados. No meu capacete tinham 3 adesivos faltando somente o do queixo. Mostrei a ele que existia um numero 46 que era reflexivo, porém ele não aceitou.

Como já dizia o provérbio, Cachorro mordido de cobra, tem medo de lingüiça?, sendo prevenido,eu possuía mais um adesivo em minha carteira e colei-o imediatamente. Ainda assim, ele reteve os meus documentos para verificação. Viceumar, documentos liberados. Aí começava nossa VIA CRUCIS. Cada um dos componentes do grupo foi chamado a comparecer no interior do veículo policial. Um retornou com multa por ultrapassar pela contramão, outro com multa pela não colocação de faixas reflexivas no capacete e por último, uma das motos estava com o comprovante de pagamento do IPVA 2008 quitado, porém sem o documento de vistoria. O policial então neste momento disse que o veículo estava apreendido. Tentamos buscar soluções para o problema, informamos que para vistoria do veículo haveria a obrigatoriedade dele estar presente no local de emplacamento (Contagem-MG, porém ele alegou que eram problemas relacionados ao condutor e ao Detran daquela localidade. Tentamos mostrar a inviabilidade e as distâncias envolvidas nos processos, porém o policial estava irredutível. Ainda nos mostrou em suas mãos, anotação das placas de nossas motos, feitas a caneta.

Eficiência Resumindo, retornamos todos até aproximadamente 50 km até o Posto Policial em Eunápolis, solidários ao companheiro e em busca de soluções. Lá chegando, o comando da PRF verificou pela internet a não existência de nenhuma restrição na moto, porém informou que somente o policial que apreendeu o veículo poderia liberá-lo. Esperamos toda a tarde, e lá pelas 16:30h, finalmente conseguiu-se solução por parte do comando, podendo assim seguirmos caminho.

Como o grupo já se encontrava desgastado com a espera de mais de 5 horas e chovia bastante, resolvemos naquele dia nos dirigir `a Arraial da Ajuda, que ficava a 65km dali. Ficamos hospedados na Pousada VARANDAS DO SOL (www.varandasdosol.com.br), localizada a 50 mts da Estrada de Mucugê, estrada que leva em direção a praia do mesmo nome, sendo a rua mais badalada da região. Lembra muito a Rua das Pedras em Buzios, com diversos Bares, Restaurantes, Cafeterias, Boutiques, Pousadas todos charmosos e movimentados, com gente de toda a parte do mundo transitando por ali, local de constante festa.

Resolvemos então que no dia seguinte, deixaríamos um pouco a estrada e aproveitaríamos das coisas boas que a Bahia têm. Pela manhã, levamos o grupo para um tour em Porto Seguro (alguns ali não conheciam a localidade), onde se tem acesso por balsa, ao final da Estrada que desce da vila. Subimos até Cabrália e ao retornar, fomos direto para o BAR DO STING, carioca que montou esta pequena filial do paraíso.

O Bar do Sting fica na praia do Araçaípe, e foi o primeiro bar de praia transadinho do Arraial, e continua até hoje o mais simpático. É freqüentado sobretudo por moradores do Arraial , com seus lounges com almofadões, espreguiçadeiras e principalmente boa música, que embalam as bebidinhas e tira-gostos, você quase se sente num lugar não-turístico. Estivemos lá a 3 anos atrás e hoje quem toca o bar é um italiano(antigo cliente), que se encantou pelo lugar e ali fincou raízes.Recomendamos.

A noite, passeio pelo Arraial e visita ao Girassol, famoso e tradicional bar e restaurante local, onde apreciamos um delicioso T-Bone. Tomamos alguns Cães Fiéis e depois nos recolhemos, para programação do dia seguinte. Durante a madrugada, fiz os cálculos e notei que a parada forçada no domingo iria alterar consideravelmente nosso roteiro. Para seguir até Itacaré e retornar a Prado para início do evento, deveríamos partir na 3ª feira pela manhã, o percurso de ida e volta seria de aproximadamente 850 km, viajaríamos boa parte de 3ª e 5ª feira, somente usufruindo integralmente daquela região por um dia. Resolvemos então usufruir mais alguns dias da região e deixar Itacaré para outra ocasião.

Manhã seguinte, Trancoso. Seguindo por Arraial, existem duas estradas que dão acesso àquele povoado. Um a partir do caminho que passa pela praia de Taípe, com estrada de chão e outra seguindo na direção de Eunapolis e virando a esquerda, após 11 km. A partir dali são aproximadamente mais 30 km, por subidas e descidas formando imensos tobogãs, uma delícia para ir de moto. Trancoso, é tranqüila, charmosa, preservada, de freqüência jovem e globalizada e vive um momento turístico de causar inveja às vizinhas Arraial D´Ajuda e Porto Seguro. Faz alguns verões, deixou de ser a vila rústica e isolada. A calma continua no ar, mas, mesclada ao jeito de cidadezinha e às casinhas simples, há bares, restaurantes, pousadas cheias de estilo e lojinhas de artesanato. O Quadrado, a ampla praça no centro do vilarejo, concentra o movimento de pedestres, pois carros não circulam no local.

Ao final do quadrado, existe uma igrejinha antiga, ao lado árvores com longas copas proporcionando sombra e ao fundo, têm-se vista do alto de algumas praias de Trancoso, puro cartão postal, local onde se vende coco, picolés, refrigerantes e um abacaxi que parece açúcar. Ali, fomos assediados por menino que nos convenceu a ir até a Praia dos Coqueiros, onde tinha a Barraca do Jonas, com peixe fresquinho e muito saboroso.

Descemos por estrada que contornava o vilarejo e o acesso à praia passa por riacho que atravessa restinga extensa naquela localidade. Ao chegar a praia, um índio paramentado junto a uma barraca, vendia brincos, colares, bugigangas em geral, fazendo com os turistas o que os portugueses aqui fizeram no Descobrimento (com seus espelhos e outros apetrechos).

Ali, diversas barracas se amontoavam, com turistas de vários lugares do Brasil e do mundo. Nosso grupo se dividiu, metade na Barraca do Jonas (onde na cozinha se escolhia o peixe a ser apreciado), e metade no bar ao lado, de um italiano, com diversas redes penduradas, música de excelente qualidade, com cardápio de pizzas, massas e frutos do mar. Comemos umas iscas de peixe e um polvo ao vinagrete que veio servido numa grande taça, estava simplesmente delicioso. Ao retornar, paramos em Arraial, no Restaurante Do Portuga, já anoitecendo, onde fizemos um ajantarado.

Manhã seguinte, Joe /Lu e Viceumar resolveram antecipar sua ida para Prado. O resto do grupo, seguindo conselho de Marta (Proprietária da Pousada), resolver seguir em direção a Santo André. O acesso a Santo André é feito por meio de balsa que sai de Santa Cruz de Cabrália, direção norte da Bahia, e é um município de praias paradisíacas que agora começa a ser descoberto. Em sua região fica a APA (área de preservação ambiental) de Santo Antonio, região de praias, manguezais, quase toda sem energia elétrica.

Seguimos em direção a Guaiu, 17 km de estrada após a balsa, para o restaurante da Maria Nilza. O local é simplesmente lindo e não possui energia elétrica ainda. Chegada por caminho de terra (1 km aproximadamente), onde cruzamos com diversas línguas de água doce, provenientes de rio da região, que durante boa parte do dia encontra-se seco. Desemboca junto ao mar, em local onde a baiana arretada. Maria Nilza vislumbrou o paraíso e criou o seu cantinho.Fomos recepcionados pela própria que agrega simpatia com competência culinária. Iniciamos os petiscos com os pastéis da casa, variados de siri, queijo e camarão(com muito camarão), e que já indicavam os prazeres da mesa local. Com funcionamento das 9 às 16 horas, horário em que o rio começa novamente a encher.

Ela aproveitou as diversas bromélias existentes naquela região, e criou caminhos que nos levam ao restaurante, outros à praia com quiosques com nomes de frutos do mar com sombra maravilhosa, mar azul e água quente. Os banheiros são ao ar livre, cercados de folhas de babaçu e foi montada uma tenda nos fundos do restaurante, com redes e espreguiçadeiras que são utilizadas após o almoço (Meu Rei, que preguiça!!!!!!!!!!).

A comida, variava de Carne de Sol de Filé mignon (supimpa), moquecas de siri e peixe, bacalhoadas fantásticas (a garçonete disse que o Otávio Mesquita da Bandeirantes TV já experimentou e adorou). Final de tarde, após as 16h, para sair passamos por dentro de pequeno córrego d´água, que atravessava a estrada, pois a maré já começava a encher. Na travessia da balsa, o pôr do sol proporcionava um visual fantástico. Chegamos a Arraial a noitinha e já batia a ansiedade. Amanhã, Prado.

Partimos lá pelas 9 e fumaça, e o calor na estrada estava intenso. A viagem foi rápida (eram 220 km aproximadamente) e chegamos lá pelo meio-dia. Como no ano anterior, na entrada da cidade estava montada a tenda de recepção. Com água mineral, água de coco e um acarajé feito na hora, ali encontramos vários amigos. Na recepção, Pradinho (guia nativo e que nos acompanhou em 2008), Zeozinho (mineiro gente boa que adotou Prado como sua terra e que nos prestou assistência na minha moto com problemas no ano anterior),Wilson e esposa, companheiros de EU,GATA E CÃO FIEL que chegavam naquele momento de Macaé e Jobel, presidente da AMO ES e parceirão amigo de muitos encontros da vida.

Chegamos na Pousada(Canto do Rio), fomos recebidos como grandes amigos. Bagagens no quarto e banho tomado, partimos para a Praia. Lá, grande parte da galera nos recebeu em barzinho em frente ao mar. Tomamos as primeiras do dia e partimos para o Restaurante do Guga, onde comemos omelete de lagosta e polvo.

A noite, O Encontro. Lá revimos mais amigos.Encontramos João Carlos (Componente de nosso MC), Barriga e Manfredini (Que confirmaram presença no IV NIVER DE EU,GATA E CÃO, FIEL 25 de abril em Macaé (RJ), Everson (Mototour) e esposa, Ramos (Aranha), K2 (Informativo Moto Brasil), entre outros.

Iniciava a festa e com muito Rock and Roll. Na madruga, partimos para o BECO DO AFHONSO, wiskeria com um escondidinho preparado com Cará(segundo Afonso,receita da avó), que se tornaria durante nossa estada um reforço de toda madrugada antes do sono. Experimentei a cada noite um diferente (carne de Sol, frutos do mar,camarão). Chegamos eu e Gata ao Beco e logo já estavam 15 pessoas na mesa, curtindo a noitada.

Sexta feira, partimos em direção a Caravelas (Eu/Gata,Leite/Marluce,Ricardo/Magali,João/Valéria e Viceumar). Localizada a 49 km de Prado,na antiga vila de pescadores que hoje forma o distrito Ponta de Areia, foi construída, em 1881, a estrada de ferro que liga Caravelas a Teófilo Otoni, sendo esta estrada durante muitos anos a base de sustentação da economia caravelense, juntamente com uma intensa atividade portuária teve muita importância em outras décadas, como porto de ligação entre Minas Gerais e o mar, já retratada em música do mesmo nome de Milton Nascimento e Fernand Brant.

Hoje, região de pesca onde de seu porto, partem principalmente barcos em direção a Abrolhos, famosa ponta de corais distante da costa, grande atrativo turístico, controlado pela Marinha. Sentamos à sombra de uma imensa amendoeira localizada no Bar do Belindo, na Barra de Caravelas, admirando o vai e vem dos barcos, tomando uns aperitivos e apreciando as ostras, camarões, peixes fritos, moquecas e outros, quando chegam para se reunir ao grupo Almir/Rosana (EU,GATA E CAO FIEL) e Marcelo/Isabel (MC MACAE). Passamos toda a tarde nesta moleza e ao pagar a conta, simplesmente uma merreca. Lá, é barato demais.

A noite, encontramos Marno e Beth, componentes de nosso MC que haviam chegado a pouco. No palco, The Rider´s e A Cambada (Bandas de Rock de Macaé), levaram toda a multidão a dançar. Tocaram ainda nesta noite, Renato Rio Blues, Rock 4Ever e J.Peron, Cover de Raul Seixas.

Sábado pela manhã, Eu/Gata, Magali/Ricardo e Viceumar , seguimos em passeio ao Mercado Municipal , um multicolorido mundo de temperos, pimentas, cebolas roxas, farinhas, feijões, carne de sol e outros. Compramos alguns temperos (açafrão, cominho, manjericão), farinhas , carne de sol, com intenções degustativas futuras.

Retornamos ao hotel e a tarde, partimos para o Bar da Mãezinha. Viceumar tinha adquirido em Caravelas 10 kg de budião (peixe conhecido como Batata em alguns locais), onde como no ano anterior, nos reunimos para apreciação de iscas e moquecas. Durante o almoço, foi posto em prática mais uma vez, a arrecadação de recursos para a aquisição de leite em pó e gêneros alimentícios direcionados ao Orfanato Na Sra. Nazaré (Prado), coordenada mais uma vez por Joe e Aílton (MC MACAE) e com adesão global dos participantes. A arrecadação foi de mais e R$ 1.000,00 o que proporcionou uma grande quantidade de alimentos.

A noite, boa parte dos motociclistas já reduzia o ritmo, pensando no longo caminho a ser percorrido no dia seguinte. Ainda vimos o Show da Banda Rock 4Ever, onde nosso grupo era superior a 60 pessoas provenientes de Macaé. Finalizaram com os Shows de Raul, The Rider´s e A Cambada e a partida prevista já deixava saudades.

O evento teve a presença de mais de 600 moto clubes de todo o país,onde milhares de motociclistas confraternizaram em paz, harmonia e muita alegria.

Pela manhã, diversos grupos partiram. Nosso grupo era quase o mesmo que tinha vindo junto no início da viagem. Pernoitamos em Meaípe (ES), conforme combinado , para o jantar de despedida. Chegamos lá pelas 15:30h, hospedamo-nos no Hotel da Léa e após banho tomado, partimos para o Cantinho do Curuca, oi mais famoso restaurante capixaba, onde comemos uma Moqueca de Badejo salgado com pirão de Banana, que até hoje enche minha boca d’água quando lembro.

Partimos 2ª pela manhã e encontramo-nos com outro Leite/Marluce, Joe/Lu e Ailton/Poliana no Shopping Estrada (Campos - RJ), onde comemos um churrasco rodízio. E logo chegávamos a Macaé.

Agradecemos a todos os amigos, os momentos que compartilhamos durante todo este período de viagem, àqueles que nos receberam e proporcionaram o evento e a Deus por ter iluminado nossos caminhos e nos ter feito regressar íntegros aos nossos lares.

Até PRADO 2010.

P.S.: Para entendimento, o "Cão Fiel" de que falamos no relato é o Whisky. Segundo o poeta, escritor, e profundo conhecedor do assunto Vinícius de Morais, ele é o melhor amigo do homem, é o cão engarrafado.

Autor: Gomide