Diário de Bordo

Nacional

Serras Catarinenses, Gaúchas...


31/07/2012 17h20

"O motociclista não precisa procurar pela felicidade: ele a encontra no caminho..."

Sempre alimentei o sonho de conhecer a Serra do Rio do Rastro. Em outubro de 2010, planejamos uma viagem a esse paraíso, porém o projeto foi adiado em virtude de chuvas intensas em Santa Catarina. Somos componentes do MOTO CLUBE EU, GATA E CÃO FIEL (www.eugataecaofiel.com.br) de Macaé(RJ), e finalmente chegou a hora de realizar o sonho. Adquiri em janeiro deste ano uma moto KTM 990ADVENTURE 0km, própria para encarar os roteiros previstos, porém, para minha surpresa, após 120 dias de sua aquisição, não consegui emplacá-la por problemas exclusivos da Representante KTM no Brasil(GRUPO I...), e como já tínhamos feito a reserva dos hotéis, fiz a locação de uma nova motocicleta para seguir viagem. Contatei a BOXER ADVENTURE, empresa BMW sediada em São Paulo, onde fui muito bem atendido pelo Átila e utilizei uma BMW GS800,entregue em Penedo(RJ), local onde iniciou-se nosso passeio.

PENEDO/EMBU DAS ARTES

Os grupos estavam formados da seguinte forma:o prinmeiro com as presenças de Gomide e Lena, Jorge, Elcione,Daniel, Valdecir e Nepomuceno, partiram na 6ª feira com direção a Penedo, e pernoitaram no Hotel Piemonte. Chegamos no início da tarde, e seguimos para o ao Fritz, onde almoçamos pratos típicos(alemães), e tomamos um bom vinho para aplacar o frio típico do outono da região, até a chegada de minha moto, enviada pela empresa locadora, o que aconteceu após as 17h. Retornamos ao Hotel onde finalmente preparamos os bauletos para no dia seguinte, encontrar o segundo grupo para seguir viagem(Ernesto, Joemir e Paula, Roberto e Imbiriba). Confomre combinado, nos encontramos no GRAAL após o pedágio de Itatiaia, em torno de 11 h da manhã. Fizemos nova divisão em dois grupos para maior facilidade na travessia de São Paulo e, apesar de ambos contarem com GPS, ainda assim tiveram problemas no Rodoanel, já que as motos são proibidas de circular na via expressa. Conseguimos chegar em Embu das Artes, no final da tarde.À noite, comemoramos em churrascaria na saída do Embu Park Hotel, o aniversário de Joemir e Paula e nos preparamos para sair bem cedo.

BLUMENAU

Partimos às 6:30h e o frio e a densa neblina nos acompanharam pela Régis Bittencourt, durante aproximadamente 100km. Chegamos ao Hotel Ibis em Blumenau às 15h e descemos para ver a final do campeonato carioca pela TV, onde meu time(Fluminense) venceu de 4X1 ao Botafogo. Vânia(Ernesto) e Fatima(Valdecir), chegaram em voo vindo do Rio e ficamos na varanda aguardando o resto do grupo que chegou no início da noite.

Pela manhã, seguimos em direção a POMERODE. Localizada no médio Vale do Rio Itajai-Açu, é uma referência em organização e capricho pela limpeza das ruas ou pelos belos jardins que enfeitam casas e florescem no dia a dia dos moradores. Tranquila e charmosa, é reconhecida por suas tradições, belezas naturais e ótima qualidade de vida. Há mais de um século, o município preserva as tradições culturais herdadas dos colonizadores, vindos na maioria da Pomerânia, região do norte da Alemanha.

Após o almoço, retornamos à Blumenau onde visitamos a Vila Germânica. Envolvida pela charmosa arquitetura enxaimel, dispõe de diversas lojas de souvenirs com produtos regionais e artesanato típico, como um verdadeiro shopping cultural, fica em frente ao Centro de Eventos(antiga PROEB – local do OKTOBERFEST), e lembra o interior da Alemanha, com suas casas típicas.

À noite nos dividimos. Um grupo se dirigiu a tradicional Cervejaria Eisenbahn, que produz uma variedade de 11 cervejas, entre elas a Lust, feita pelo método champenoise, e lá participaram da degustação dos seus diversos tipos.

O restante, mais preguiçoso, dirigiu-se ao Pub que fica ao lado do hotel. Trata-se do The Basement, que funciona no porão de um prédio tombado pelo patrimônio histórico, autêntico Gastropub, que foi criado pelos fundadores da Cervejaria Eisenbahn , sendo fruto das experiências adquiridas em bares e pubs europeus, ao longo dos anos em que estiveram a frente da cervejaria. Lá fomos recepcionados pelo chef curitibano Flávio Frenkel , que contou ter sido responsável pela festa de inauguração do Four Points Macaé, Hotel da rede Sheraton, e responsável pela variedade de petiscos na casa, além dos pratos tradicionais como Fish and Chips, tudo harmonizado com as melhores cervejas, vinhos e whiskys, acompanhados de excelente cardápio musical(Neste dia tocava uma excelente banda de Jazz).

URUBICI

Em nossa viagem de ida, optamos em deixar de lado a BR 101(litoral) e buscar as estradas pelo interior dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Seguindo para Urubici, o roteiro era de serras maravilhosas e onde placas de sinalização “GELO NA PISTA”, nos indicavam as temperaturas esperadas. Chegamos a tarde e após deixar as bagagens no URUBICI PARK HOTEL, buscamos local para almoçar. Encontramos somente o Restaurante O Bifão, único em funcionamento àquela hora. Enquanto almoçávamos, curiosos olhavam as motos estacionadas e nos recomendaram a visitar ainda naquele dia o Morro da Igreja, aproveitando o dia claro e sem nuvens que se apresentava, pois raramente se conseguia ter visão perfeita naquela região. Apesar de passar das 16 horas, resolvemos seguir o conselho. São 29 km o trecho a ser percorrido, sendo 12km pela SC-439 e com acesso a uma pequena estrada pavimentada com 17 km íngremes e repleta de curvas. Em seu pico localiza-se a PEDRA FURADA, com 1.828 metros de altitude e abertura de 30 metros de circunferência. Ao fundo, a cadeia de montanhas que faz parte do Parque Nacional de São Joaquim. Lá em 1996, registrou-se a menor temperatura no Brasil, 17,8oC. Segundo moradores do local, a sensação térmica foi de menos 40oC negativos, além de congelar cachoeiras e pequenos córregos. Em 2008, os ventos chegaram à velocidade de 178,9km/h. No alto do morro está também localizada a base do CINDACTA II – (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).

A noite, partimos para o Bistrô “A Taberna”. Com cozinha comandada pelo Chef Fernando Moniz e sua esposa Elizabeth Queiroz, oriundos do Rio de Janeiro(de Copacabana conforme relato de Elizabeth), o local possui ambiente extremamente agradável, contando com 26 lugares ,cozinha personalizada e adega climatizada.

Na manhã seguinte, confirmamos as indicações das estradas e dos passeios a serem priorizados com o atencioso Rafael Menzega, administrador do nosso Hotel. Partimos em direção a Serra do Corvo Branco, na Rodovia SC-439, e após rodar 32km chegamos ao local. Como tínhamos algumas motos Custon no grupo, recebemos recomendação de que elas seguissem somente até determinado ponto,pois dali iniciava-se subida íngreme e cheia de pedras. Essa Rodovia leva até a cidade de Grão Pará e em seu topo, foram feitos cortes nas rochas em enormes paredões de 90 metros de altura. Mais adiante, inicia-se descida íngreme com aclive de mais de 45º e curvas onde só se consegue passar um veículo. Somente assim consegue se ver a Pedra (Corvo Branco) que dá origem a Serra. Na descida, encontramos um motociclista de Florianópolis com uma GSX650R(moto esportiva), que estava parado admirando o local(ou apavorado com a descida e sem coragem para subir novamente).

Retornamos em direção ao Morro da Igreja e subimos até a Cascata Véu de Noiva. Lá, em virtude da estiagem, a cascata estava com pequeno volume d’água e alguns preferiram ficar na estalagem próxima, aquecendo-se do frio. Aproveitamos para ali almoçar, saboreando deliciosa truta. Na descida, visitamos a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, antigo cemitério indígena, onde diversos romeiros deixam pagamento de promessas por graças concebidas. Retornando pela SC-439 e seguindo pela SC-430 em direção a São Joaquim até o Mirante de Urubici, com visão integral da cidade. Mais 8km e chegamos à Cascata do Avencal, com queda d’água de aproximadamente 100m de altura.

Serra do Rio do Rastro.

Partimos pela manhã em direção a Bom Jardim da Serra, e hospedamo-nos no ECO RESORT SERRA DO RIO DO RASTRO*, e na chegada, solicitamos a recepcionista que agendasse visita a vinícola Villa Francioni às 15:30h, pois ficava localizada em São Joaquim, a 50km dali.

*O Eco Resort Serra do Rio do Rastro foi idealizado pelo Sr.Ivan Cascaes, catarinense de Floripa, e fica situado ao lado do Mirante da Serra e além de muito charmoso, possui aconchegantes chalés onde o silêncio, conforto e a vista maravilhosa deixam os hóspedes sem pressa para partir. Lá se hospedou o ator e motociclista escocês Ewan McGregor, que participou do filme Guerra nas Estrelas e também curte viagens de moto que deram origem aos documentários “Long Way Round” e “Long Way Down”.

Ao sair para o passeio, encontramos o Roberto Bart no Mirante, pois havia chegado mais cedo com Jorge e Elcione, e seguiriam em direção a Florianópolis. Descemos juntos aquela que é considerada uma das mais belas estradas do mundo.Localizada na Rodovia SC-438, é difícil descrever a sensação em suas 155 curvas num trecho de 12 km. O local é simplesmente indescritível. Lá embaixo, nos despedimos de Roberto que seguiu em direção a Lauro Muller, acompanhado do pessoal das HD que precisava de reabastecimento. Combinamos de nos encontrar novamente numa lanchonete no meio da Serra, onde paramos para apreciar o movimento e aguardar o restante do grupo.

Com a chegada do grupo, subimos ao mirante onde pudemos ter ampla visão de toda a região e dezenas de Quatis vinham em busca de alimento dado pelos turistas.

Vinícola Villa Francioni

Seguimos em direção a São Joaquim até a Vinícola Villa Francioni. É considerada a Vinícola mais charmosa do Brasil e foi idealizada pelo empresário italiano Manoel Dilor de Freitas que, apaixonado por vinhos e por arte, se dedicou à construção dali, por intermédio de visitas de vinícolas ao redor do mundo buscando referências para seu projeto, morrendo porém de infarto em 2004, antes que a primeira safra pudesse ser degustada.Além de já ter diversos vinhos premiados pela confraria de Somelliers de São Paulo, Rio de Janeiro além da Expovinis, uma das maiores feiras do ramo do país, possui no hall de entrada, pequena galeria de arte que já recebeu exposições de Auguste Rodin e Camille Claudel,entre outras, exibidas ali no ano de 2007. Lá, após visita paga às instalações da vinícola, temos degustação dirigida e o valor do ingresso (R$30,00) pode ser utilizado para aquisição de vinhos que são remetidos a residência dos compradores (principalmente motociclistas).

Retornamos a pousada após o passeio e à noite fizemos o nosso “almoço” no Eco Rio do Rastro, com buffet e um maravilhoso vinho para aplacar a fome e o frio que fazia lá fora.

Gramado

Chegamos em Gramado ao final da tarde e usamos pela primeira vez os préstimos do GPS de última geração um de nossos componentes, para chegar ao Hotel. Em virtude de alguns pequenos problemas em sua sintonia, quando estávamos a 20m do local, Joemir acelerou sua moto passando pelo grupo e mandou-nos segui-lo, pois o GPS finalmente indicava o caminho correto. Como demorava a chegar, paramos para pedir informações e já estávamos seguindo em direção à Porto Alegre. Retornamos e finalmente localizamos o Hotel Sky, onde após um banho, seguimos a um Restaurante com especialidade em carnes para jantar.

Gramado fica localizado na Serra Gaúcha, mais precisamente na Região das Hortênsias e foi colonizada principalmente por imigrantes alemães e italianos em sua maioria, e em menor número por portugueses, sírios e libaneses. Com paisagens que parecem retiradas de um cenário, reúne casas em estilo enxaimel, ruas limpas e tomadas por jardineiras repletas de hortênsias, povo extremamente educado e parques emoldurados por araucárias e pinheiros. Aliada às compras (principalmente lojas com artigos de couro), excelente gastronomia e eventos que atraem um número grande de turistas durante todo o ano(o famoso Festival de Cinema realizado em agosto, decorações natalinas em dezembro, entre outras). Referência em educação,possui poucos sinais de trânsito, porém todo pedestre ao colocar os pés nas faixas de travessia, é respeitado. Nas principais avenidas, o estacionamento é pago para automóveis, porém em cada esquina, existem áreas demarcadas para motos estacionarem sem nenhum custo. Realmente, nada parecido pelo Brasil.

De manhã, seguimos em direção aos “Cristais de Gramado”, loja onde existe demonstração com a fabricação de um vaso de cristal, que é vendido com a imensa variedade de produtos ali existentes. Dali, seguimos para o Centro onde as meninas desejavam praticar seu esporte predileto(comprar). Partimos depois em direção ao Dreamland Museu de Cera e ao Museu Harley Davidson. No primeiro,visita rápida. No segundo, estávamos em nosso “habitat”. Sua estrutura possui um balcão em seu Centro e com diversas motos Harley Davidson de diversas épocas em sua volta,local onde relaxamos ao som de um bom Rock and Roll e grandes canecas de chopp, acompanhados por pipoca. Deixamos nossos nomes na porta, para desconto no ingresso em show que aconteceria à noite. Passava das 15h e saímos para procurar uma churrascaria para almoço. Para os desavisados como nós, após esse horário apesar de pararmos em 3 locais, todos encontravam-se fechados e só reabririam à noite, hábito europeu cultivado na região. Somente conseguimos encontrar restaurante aberto no Centro da cidade, o Trattoria Tarantino. Com arquitetura moldada em madeira e culinária italiana, matamos nossa fome e após o almoço, aproveitamos para conhecer um pouco mais o centro da cidade, eestivemos na Rua Coberta, alternativa de compras e gastronomia do local e excelente opção para os dias de chuva.À noite, o grupo otou jantar próximo ao Hotel, porém Eu, Gata e Imbiriba, conforme combinado, partimos novamente em direção ao museu da Harley, onde uma banda cover do Credence se exibia. Saímos lá pelas duas da manhã e o marcador da moto informava 5oC, que qliada ao movimento da moto, nos dava sensação térmica gelada(Que frio!!!!!!!!!!!!!!).

Dia seguinte, Joemir retornava em direção ao Rio e nós seguimos para Canela, onde visitamos o Parque do Caracol. Lá existe a Cascata do Caracol, que despenca em queda livre de 131 metros e é formada pelo arroio de mesmo nome. Dentre várias atrações do parque, há a escada ecológica de 927 degraus, esta escada conduz à base da cascata. O parque conta ainda com um mirante, que fica a mais de 150 metros da base da cascata, proporcionando uma paisagem de rara beleza. Depois, seguimos em direção ao centro de Canela onde visitamos também a “Catedral de Pedra de Canela” como é conhecida. Ela possui estilo gótico, sendo a Igreja Matriz da cidade e situando-se na Praça da Matriz e atualmente é um dos pontos turísticos mais visitados do Rio Grande do Sul. Seu estilo característico é o gótico inglês. A igreja possui uma torre com 65 metros de altura, e um carrilhão de 12 sinos de bronze, fabricados pela fundição Giácomo Crespi, na Itália. Em seu interior destacam-se três painéis que são telas pintadas pelo artista gaúcho Marciano Schmitz, retratando a "Aparição de Nossa Senhora", a "Alegoria dos Anjos" e a "Anunciação". Os quadros da Via-Sacra foram feitos por Pablo Orono Herrera, uruguaio, escultor e restaurador de Arte Sacra. Utilizou madeira e argila, tendo ao fundo pintura sobreposta de imagens em argila. Seus vitrais representam a ladainha de Nossa Senhora. O altar, cujo tema é a Santa Ceia, é uma obra de arte esculpida em madeira por Júlio Tixe, escultor uruguaio. Foi eleita uma das Sete Maravilhas do Brasil em 2010, e em comemoração ganhou um novo sistema de iluminação externa.

Dali, partimos em direção a uma típica churrascaria gaúcha, a Churrascaria Espelho Gaúcho, onde fizemos uma refeição regada a bons vinhos. Após o almoço, retornamos em direção a Gramado. Dia seguinte, seguimos em direção a Cambará do Sul.

Cambará do Sul

Cambará do Sul ainda não atrai tantos turistas como Gramado e Canela, mas cada vez mais olhares estão voltados para essa região. Por ser a cidade com mais cânions do Brasil – há um total de 60 na região – tem fama de ser um lugar místico. Nos parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, ficam, respectivamente, as famosas muralhas naturais do Itaimbezinho e da Fortaleza. Chegar às melhores atrações da região requer um pouco de paciência, especialmente no caso do cânion da Fortaleza, cujos 14 km finais da estrada são muito pedregosos (os outros 9 km são asfaltados). Quem se dirige ao cânion do Itaimbezinho encontra uma estrada de terra em estado um pouco melhor.

Canion Fortaleza - Canion Itaimbezinho

Neste dia, ficamos de nos encontrar novamente com Valdecir e Fátima que estiveram em Taquara para visitar os pais dela. Ao sair de Gramado, combinamos de nos encontrar em um restaurante na estrada na localidade de Tainhas. Nesse trecho, um de nossos componentes demonstrou a sua veia aventureira, típica de um “Motoqueiro Selvagem”. Para quem não viu o filme (Wild Dogs, lançado em 2007), companheiros de meia idade frustados com suas vidas habituais, resolvem partir em viagem e deixar tudo para trás, relógios, celulares, horários e seus problemas. Com estrada excelente e sem trânsito, esse nosso amigo(vamos chamá-lo de Nepo), acelera com vontade a sua potente Harley Davidson “Fat Boy”, ultrapassando todos os outros participantes numa “fúria desenfreada” e desaparece a frente do grupo, esquecendo-se do encontro marcado na estrada. Um dos componentes ainda tenta alcançá-lo para avisá-lo, porém sem sucesso. Como o dia estava frio e já estávamos próximos de nosso objetivo, paramos,tomamos um café e retornamos viagem. Logo chegamos em Cambará do Sul, porém não avistamos nosso “ Motoqueiro Selvagem” . Deixamos as roupas no hotel e partimos para almoçar no CTG(Centro de Tradições Gaúchas)do local e apreciamos uma refeição típica. Após o almoço, eu, Daniel e Valdecir (todos com motos Big Trail), resolvemos fazer reconhecimento da estrada em direção ao Canion Fortaleza. O primeiro trecho é de asfalto mas o restante da estrada é de muitas pedras, e após rodarmos um trecho razoável, retornamos. Passava das 16 horas e nosso amigo Nepo não tinha aparecido ainda. Ficamos preocupados, pois tentamos ligar diversas vezes sem sucesso. Logo depois, finalmente conseguimos falar com ele. Ele encontrava em Caxias do Sul, a 140km dali. Avisei para ele dormir lá e retornar no dia seguinte, pois passava das 16 horas e já estava bem frio, porém “nosso herói”, disse “não, retorno agora”. Ele chegou em Cambará do Sul a noite e explicou que não olhou no retrovisor quando paramos. Depois,retornou para nos encontrar,porém errou o caminho e desceu a Rodovia do Sol até próximo de Torres. Lá, parou em um posto de gasolina onde orientaram o caminho a pegar, porém novamente passou pela entrada de Cambará e seguiu até Caxias do Sul. Em resumo, nosso “Motoqueiro Selvagem” teve pequeno desvio de mais 380 km aproximadamente. (Segundo lenda local, ele foi resgatado pela Polícia Rodoviária na entrada da cidade,congelado e com um cigarro preso nos lábios, tentando engrenar o ponto morto em sua moto).Estava ali,sendo criada a lenda do “WILD DOG”macaense.

Os Canions

Após o test-drive no dia anterior em direção ao Canion Fortaleza, “quase” todos optaram por seguir de carro ao Canion, mas eu havia decidido a seguir de moto. Saímos juntos e no caminho, ainda conseguiram tirar fotos do gelo da noite anterior. Demorei perto de 30 minutos para chegar ao local, porém o restante do grupo levou um bom tempo a mais. A visão do Canion é mágica, seus paredões têm 7,5 km de extensão e, em alguns pontos chega a 900 metros de altura e seu nome deve-se ao formato que lembra uma fortaleza. Seguimos a Trilha do Mirante que apresenta um percurso de 3km( ida e volta), onde observa-se 95% do Canion. Somente Valdecir, Fatima,Ernesto e Imbiriba conseguiram chegar ao final, pois trata-se de uma subida íngreme, com muita erosão e pedras soltas pelo caminho. Subi até mais ou menos 75% do trecho, porém o frio, aliado a altitude e ao meu estado “atlético”, me recomendaram retornar. Retornamos ao Centro de Cambará onde almoçamos numa “Galeteria”, com comida maravilhosa e partimos novamente em direção ao Canion de Itaimbezinho,somente as motos Big Trail, sendo que Daniel levou Imbiriba na garupa. O caminho é melhor um pouco e a estrutura dele é bem superior. O Canion fica localizado a 18km de Cambará do Sul, pela Rodovia CS-360, e estende-se por cerca de 5800m com uma largura máxima de 2000m e altura de até 720m. Como já passava das 16 horas, fizemos a Trilha do Vértice que inicia-se no Centro de Visitante e possui ,4km sendo percorrido pelas bordas do Canion.Chama-se de Trilha do Vértice pois existe um vértice que une dois lados do Canion e onde foi construído um mirante. Ali visualiza-se a Cascata das Andorinhas, com altura de 700m e cai em direção ao fundo do cânion, e em dias em que o volume dágua é grande, a Cascata ao fundo cria uma névoa antes de atingi-lo.

Balneário Camboriú

Saindo de Cambará, descemos a Rodovia do Sol, com vista maravilhosa da serra e com término na cidade de Torres, litoral gaúcho. Ali, retornávamos a BR101, após vários dias viajando pelas estradas interiorianas dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Chegamos à tardinha em Balneário e nos dirigimos ao Hotel Barra Sul e a sorte nos acompanhava já que ao descermos das motos e ao entrar no hotel, desabou uma tremenda tempestade. Escapamos por minutos. Pegamos um taxi à noite e partimos em direção ao Pharol Restaurante, por indicação do taxista que contratamos, onde tivemos uma verdadeira orgia gastronômica de frutos do mar.

Peruíbe

Neste dia, pela primeira vez a viagem foi atribulada. Ao sair pela manhã, pegamos um movimento intenso na BR-101 além de densa neblina, no trecho entre Itajaí e Navegantes. Mais adiante, na Serra de Joinville, pegamos pesada tempestade e com neblina intensa, o que obrigou a pilotar com as viseiras abertas e a chuva molhava todo o rosto. Passamos por um acidente na outra pista, onde um caminhão carregado de bobinas de aço tombou, esmagando um carro e o engarrafamento era monstruoso. Optamos na volta, passar pelo litoral paulista e chegamos em Peruíbe à tardinha e ficamos hospedados na Pousada Vitória Régia. À noite tomamos algumas garrafas de vinho acompanhado de queijos e frios. No café da manhã, o companheiro Valdecir estava mais branco que clara de ovo. A festa tinha sido animada no dia seguinte durante toda a viagem, quando parávamos, ele procurava um solzinho(parecia um jacaré tomando sol na beira do rio).

Paraty

Pegamos o roteiro das “Curvas das estradas de Santos” e seguimos sempre acompanhando o litoral e as serras. Região de beleza ímpar, ao final de inúmeras curvas, descortinam-se maravilhosas praias. Seguimos até Parayi, último localidade prevista em nosso passeio. Deixamos as motos na Pousada La Cigale, já conhecida de outras paragens viagens e seguimos em direção ao Centro. O longo processo de estagnação vivido por Parati ao longo do século XX manteve, paradoxalmente, o casario colonial, conservado no conjunto conhecido como Centro Histórico, tornando a cidade um dos destinos turísticos mais procurados do país. Pelas ruas de pedra irregular, circulam, a pé – a entrada de veículos é proibida na maior parte do Centro Histórico -, turistas do mundo inteiro, atraídos pela beleza da arquitetura típica do Brasil Colônia. As casas históricas foram requalificadas como pousadas, restaurantes, lojas de artesanato e museus, em meio a apresentações de músicos populares e de estátuas vivas.

Lá, nos reunimos mais uma vez em volta da mesa nesta viagem etílica e gastronômica e comemos uma admirável Paella Valenciana acompanhada do velho e bom “Cão Fiel”, e neste dia Gata abusou no Cuba Libre, sendo a vítima do dia seguinte onde acordou “PÉSSIMA”.

O Retorno

Como era o último dia da viagem, os grupos foram divididos. Ernesto e Imbiriba partiram cedo em direção a Niterói, Nepo partiu mais tarde em direção a Angra dos Reis onde almoçaria com Guilherme, seu filho. Eu, Daniel e Valdecir partimos às 10:30h. Na Rio-Santos, existem diversas pontes onde ao passar, é feito um “jump” e em trecho logo após a saída de Paraty, notei pelo retrovisor que Valdecir havia parado. Retornamos e Gata havia deixado a bolsa aberta e sua carteira voou ao passar pela ponte caindo na estrada. Por sorte, Valdecir vinha logo atrás e encontrou carteira, documentos, cartões, dinheiro, tudo espalhado pela estrada .Na altura de Angra dos Reis, desviamos da Rio-Santos em direção a Barra Mansa, passando por Rio Claro. Com 76 quilômetros de extensão, esta rodovia é de suma importância para toda a região Sul Fluminense, haja vista ser a principal ligação de Volta Redonda e Barra Mansa com Angra dos Reis e Paraty, sendo a principal via de acesso ao município de Rio Claro. Foi, por muitos anos, o único acesso terrestre entre Angra dos Reis com o restante do estado do Rio, e em seu caminho possui tres túneis construídos ainda na época da escravidão, totalmente sem iluminação e com piso de paralelepípedo e em seu interior escorre água do teto. Após Rio Claro, Daniel e Valdecir seguiram em direção à via Dutra segui em direção a Barra Mansa por estradas vicinais, para mais adiante chegar em Penedo.Lá, deixei a chave e os documentos da motocicleta com o pessoal do hotel e parti em meu carro em direção a Macaé, onde cheguei à cansado e com a alma revigorada para enfrentar os desafios do dia a dia.

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